Assisti finalmente "A Ilha do Medo", que me foi muito recomendado e talvez por isso eu não tenha conseguido gostar tanto. O Scorsese é sim um dos meu diretores top e não posso deixar de aplaudir um dos últimos trabalhos que foi "O Aviador" (também com o Leonardo Di Caprio, sempre me surpreende). Mas "A Ilha do Medo" em termos de narrativa para mim deixou a desejar, embora tentasse nos conduzir para uma coisa bastante "After Hours" (imbatível), surrealista, Bergman inspired, o nonsense nesse caso muitas vezes me pareceu bobo. Não foi um filme que fluiu legal e algumas vezes eu me percebi querendo ir até a geladeira.
Bom, agora estou enterrada num livro chamado "As vidas dos artistas", o qual recomendo fortemente para os entusiastas da arte contemporânea. O autor é Calvin Tomkins, que faz uma coletânea dos textos que publicou por mais de uma década na revista The New Yorker falando sobre o perfil dos principais nomes da arte mundial: Damien Hirst, Cindy Sherman, Julien Shnabel, Richard Serra, James Turrel, Matthew Barney, Maurizio Cattelan, Jasper Johns, Jeff Koons, John Currin.
Sim, é um livro de bastidores, da motivação por trás das obras, onde a gente faz uma viagem até a vida pessoal de cada artista e começa a compreender as escolhas não só as estéticas, mas as particulares de cada um deles. Damien Hirst por exemplo, não foi o grande exemplo de um artista prodígio entre os YBAs (Youg British Artists), mas tinha um talento incrível para promover a sua obra e captar recursos, além de um olho afiado para identificar novos talentos. Começou do zero sendo recusado em algumas escolas de arte - quando, sem conseguir ficar parado, foi fazer um curso de anatomia no necrotério -, inventou uma, duas, três, quatro, tantas outras mostras reunindo o pessoalzinho do Goldsmiths' College e alguns de fora como a ótima Rachel Whitered.
Damien e sua obra mais conhecida, The Physical Impossibility of Death
in the Mind of Someone Living
Damien Hirst
1991
Damien fez os amigos certos, todo mundo achava que ele deveria investir na carreira de curador. Mas não. Ele insistiu e conseguiu com um dos trabalhs artísticos mais polêmicos de todos os tempos se colocar no mundo da arte. E depois de conseguir o que queria se refugiou com a mulher e os filhos na praia onde mora até hoje.
of the Inherent Lies in Everything
Damien Hirst
Damien Hirst
1996
Implicante, sarcástico e, de novo, polêmico - pois não haveria palavra mais certa para definir Hirst - esse grande realizador da arte contemporânea conseguiu exatamente o que queria e mostrou que "limite", assim como "arte" é uma palavra bastante relativa.
"Arte, amor e Deus - palavras idiotas, das quais provavelmente a mais idiota seja arte. Não sei o que é arte, mas acredito nela até agora." (Damien Hirst)
Um comentário:
Ótima dica!
Postar um comentário