OS OLHOS ABERTOS

Um Blog de percepções, de afetos e algumas bobagens cotidianas.


domingo, 14 de agosto de 2011

Tá eu publico

E aí me pergunta, pô, tu tem 21 seguidores, porque abandonar o Blog e tal. Então fiquei pensando, realmente, tenho algumas coisas pra dividir e seria legal voltar aqui mais vezes. A verdade é que o Face, por ser mais dinâmico, me fez esquecer d'Osolhosabertos. Prometo que abro os olhos outra vez. Pode ser de vez em quando?

Hoje eu me reencontrei com o Chico. Ganhei o CD e mergulhei nas letras doidas desse maluco e na melodia desencontrada que eu tanto amo. E aí o cara se apaixona por uma mulher mais nova de cabelos cor-de-abóbora. E aí ele faz uma música pra ela. E aí ele canta outra com ela. Louco, apaixonado pelas mulheres, poeta, leitor máximo das sutilezas da vida cotidiana. Esse é e continua sendo o Chico.

O CD é mais um absurdo genial.
A aqui o site delicioso que mostra os bastidores, com vídeos como esse aí embaixo que documenta a gravação da faixa "Se eu soubesse", com a cabelos-cor-de-abóbora Thaís Gulín.

Chico: Bastidores - Clipe "Se Eu Soubesse" from Chico Buarque: Bastidores on Vimeo.


segunda-feira, 28 de março de 2011

BORRO GALERIA


Eu não preciso de mais nada. Agora, na minha estimada Cidade Baixa temos BORRO, uma galeria, que tem uma loja de objetos de arte e um café - e com um nome muito apropriado inclusive, que sonoramente lembra boho abreviatura newyorker da palavra bohemian, mas graficamente nos remete ao borro de tinta.
Eu já fiquei me imaginando ali, sentadinha depois do meu almoço, tomando um bom café rodeada por arte e por amigos. Ou no final da tarde, encontrar o povo para um jam session, um sarau, ou lançamento de um livro.

Cléo Maguetta, Porto Alegre merece um pouco de BORRO. E mais um pouco de BORRA. E mais um pouco de BOHO.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aventuras em terra espanhola | Nosso curso Ciudad Transmedia em Málaga


Eu, Tiago e Lenara estivemos durante 10 dias na região Andaluz - que dizem ser a região mais espanhola da Espanha - ministrando um curso pela UNIA (Universidade Internacional Andaluz), que fica am Málaga. Málaga é uma cidade-praia muito linda, onde nasceu Picasso. Se bem que depois dos 19, ele nunca mais voltou para visitar. Mesmo assim a cidade sobrevive da história do artista e mantém o turismo aceso graças ao pai da Guernica, obra que, por sua vez, não está no Museo Picasso de Málaga e sim no Museo Reina Sofia, em Madrid.

Enfim, nosso curso, que aconteceu na sede da Casa Invisível - uma mansão no centro da cidade que foi ocupada por um grupo de artistas e tem parceria com a UNIA para sediar cursos da Universidade - teve a proposta de construir uma narrativa interativa digital. Como isso pode não explicar muito, vou resumir a atividade: formamos um grande coletivo composto por aproximadamente 16 alunos, que se dividiram em 04 grupos. Cada grupo criou um personagem com características bem específicas e cada personagem ganhou sua rota pelo Centro Histórico de Málaga. Os grupos saíram para reconhecer o território e depois gravaram o trajeto em 10 vídeos de 1 a 3min cada, em câmera subjetiva, como se fosse a visão do personagem sobre a cidade/sobre o trajeto.













Visualizar Ciudad Transmedia Málaga em um mapa maior


Os vídeos estão sendo incorporados ao GoogleMaps, aplicados aos trajetos. E ao longo do caminho, o pessoal colou adesivos (pegatinas, como dizem os espanhois) com QR codes que direcionam para os caminhos percorridos ou para o BLOG DO CURSO.


O principal retorno nisso tudo, além de podermos conviver com pessoas que pensam como a gente no outro lado do mundo, foi ter a oportunidade de conhecer ainda mais a fundo as histórias impregnadas em cada ruelinha, em cada contorno da cidade. Málaga é cheia de histórias, cheia de ruínas e de tradição. Imaginem, uma cidade fundada pelos Fenícios em 800 a.C! Já teve ocupação grega, germânica, árabe, judaica e, finalmente, católica. Tem no seu corpo urbano ruínas de teatro romano, ruínas de uma antiga muralha construída pelos árabes que deixaram na cidade muitas marcas incuindo a tradição dos jardins com árvores repletas de flores e laranjas, igrejas suntuosas e até a famosa Plaza de Toros, a primeira coisa que corremos para conhecer.






Nossa vontade é levar o projeto para outras cidades, traçar mais rotas, mais desvios, descobrir outros causos, outros contos, outros personagens característicos de cada cultura.

Marina Abramovic se manifesta.



Confira a entrevista com a artista na íntegra.

Depois do sucesso no MoMA com a mostra "A artista está presente", a artista performer traz a mostra "Back to Simplicity" para o Brasil, em exposição na galeria Luciana Brito (SP).

Manifesto sobre a vida do artista
por Marina Abramovic

1 a conduta de vida do artista:
- o artista nunca deve mentir a si próprio ou aos outros
- o artista não deve roubar idéias de outros artistas
- os artistas não devem comprometer seu próprio nome ou comprometer-se com o mercado de arte
- o artista não deve matar outros seres humanos
- os artistas não devem se transformar em ídolos
- os artistas não devem se transformar em ídolos
- os artistas não devem se transformar em ídolos

2 a relação entre o artista e sua vida amorosa:
- o artista deve evitar se apaixonar por outro artista
- o artista deve evitar se apaixonar por outro artista
- o artista deve evitar se apaixonar por outro artista

3 a relação entre o artista e o erotismo:
- o artista deve ter uma visão erótica do mundo
- o artista deve ter erotismo
- o artista deve ter erotismo
- o artista deve ter erotismo

4 a relação entre o artista e o sofrimento:
- o artista deve sofrer
- o sofrimento cria as melhores obras
- o sofrimento traz transformação
- o sofrimento leva o artista a transcender seu espírito
- o sofrimento leva o artista a transcender seu espírito
- o sofrimento leva o artista a transcender seu espírito

5 a relação entre o artista e a depressão:
- o artista nunca deve estar deprimido
- a depressão é uma doença e deve ser curada
- a depressão não é produtiva para os artistas
- a depressão não é produtiva para os artistas
- a depressão não é produtiva para os artistas

6 a relação entre o artista e o suicídio:
- o suicídio é um crime contra a vida
- o artista não deve cometer suicídio
- o artista não deve cometer suicídio
- o artista não deve cometer suicídio

7 a relação entre o artista e a inspiração:
- os artistas devem procurar a inspiração no seu âmago
- Quanto mais se aprofundarem em seu âmago, mais universais serão
- o artista é um universo
- o artista é um universo
- o artista é um universo

8 a relação entre o artista e o autocontrole:
- o artista não deve ter autocontrole em sua vida
- o artista deve ter autocontrole total com relação à sua obra
- o artista não deve ter autocontrole em sua vida
- o artista deve ter autocontrole total com relação à sua obra

9 a relação entre o artista e a transparência:
- o artista deve doar e receber ao mesmo tempo
- transparência significa receptividade
- transparência significa doar
- transparência significa receber
- transparência significa receptividade
- transparência significa doar
- transparência significa receber
- transparência significa receptividade
- transparência significa doar
- transparência significa receber

10 a relação entre o artista e os símbolos:
- o artista cria seus próprios símbolos
- os símbolos são a língua do artista
- e a língua tem que ser traduzida
- Às vezes, é difícil encontrar a chave
- Às vezes, é difícil encontrar a chave
- Às vezes, é difícil encontrar a chave

11 a relação entre o artista e o silêncio:
- o artista deve compreender o silêncio
- o artista deve criar um espaço para que o silêncio adentre sua obra
- o silêncio é como uma ilha no meio de um oceano turbulento
- o silêncio é como uma ilha no meio de um oceano turbulento
- o silêncio é como uma ilha no meio de um oceano turbulento

12 a relação entre o artista e a solidão:
- o artista deve reservar para si longos períodos de solidão
- a solidão é extremamente importante
- Longe de casa
- Longe do ateliê
- Longe da família
- Longe dos amigos
- o artista deve passar longos períodos de tempo perto de cachoeiras
- o artista deve passar longos períodos de tempo perto de vulcões em erupção
- o artista deve passar longos períodos de tempo olhando as corredeiras dos rios
- o artista deve passar longos períodos de tempo contemplando a linha do horizonte onde o oceano e o céu se encontram
- o artista deve passar longos períodos de tempo admirando as estrelas
no céu da noite

13 a conduta do artista com relação ao trabalho:
- o artista deve evitar ir para seu ateliê todos os dias
- o artista não deve considerar seu horário de trabalho como o de funcionário de um banco
- o artista deve explorar a vida, e trabalhar apenas quando uma idéia se revela no sonho, ou durante o dia, como uma visão que irrompe como uma surpresa
- o artista não deve se repetir
- o artista não deve produzir em demasia
- o artista deve evitar poluir sua própria arte
- o artista deve evitar poluir sua própria arte
- o artista deve evitar poluir sua própria arte

14 as posses do artista:
- os monges budistas entendem que o ideal na vida é possuir nove objetos:
1 roupão para o verão
1 roupão para o inverno
1 par de sapatos
1 pequena tigela para pedir alimentos
1 tela de proteção contra insetos
1 livro de orações
1 guarda-chuva
1 colchonete para dormir
1 par de óculos se necessário
- o artista deve tomar sua própria decisão sobre os objetos pessoais que deve ter
- o artista deve, cada vez mais, ter menos
- o artista deve, cada vez mais, ter menos
- o artista deve, cada vez mais, ter menos

15 a lista de amigos do artista:
- o artista deve ter amigos que elevem seu estado de espírito
- o artista deve ter amigos que elevem seu estado de espírito
- o artista deve ter amigos que elevem seu estado de espírito

16 os inimigos do artista:
- os inimigos são muito importantes
- o Dalai Lama afirmou que é fácil ter compaixão pelos amigos; porém, muito mais difícil é ter compaixão pelos inimigos
- o artista deve aprender a perdoar
- o artista deve aprender a perdoar
- o artista deve aprender a perdoar

17 a morte e seus diferentes contextos:
- o artista deve ter consciência de sua mortalidade
- Para o artista, como viver é tão importante quanto como morrer
- o artista deve encontrar nos símbolos da sua obra os sinais dos diferentes contextos da morte
- o artista deve morrer conscientemente e sem medo
- o artista deve morrer conscientemente e sem medo
- o artista deve morrer conscientemente e sem medo

18 o funeral e seus diferentes contextos:
- o artista deve deixar instruções para seu próprio funeral, para que tudo seja feito segundo sua vontade
- o funeral é a última obra de arte do artista antes de sua partida
- o funeral é a última obra de arte do artista antes de sua partida
- o funeral é a última obra de arte do artista antes de sua partida

domingo, 26 de setembro de 2010

A vida dos outros.

Nesse finde eu aproveitei para colocar em dia alguns compromissos comigo mesma, do tipo filmes que gostaria de ver e livros que gostaria de ler. Ainda estou em débito com as visitas às mostras, às tias, aos bebês lindos das amigas, ao shopping, à manicure, aos médicos... uff.. bom, mas já me sinto mais leve de toda a forma.

Assisti finalmente "A Ilha do Medo", que me foi muito recomendado e talvez por isso eu não tenha conseguido gostar tanto. O Scorsese é sim um dos meu diretores top e não posso deixar de aplaudir um dos últimos trabalhos que foi "O Aviador" (também com o Leonardo Di Caprio, sempre me surpreende). Mas "A Ilha do Medo" em termos de narrativa para mim deixou a desejar, embora tentasse nos conduzir para uma coisa bastante "After Hours" (imbatível), surrealista, Bergman inspired, o nonsense nesse caso muitas vezes me pareceu bobo. Não foi um filme que fluiu legal e algumas vezes eu me percebi querendo ir até a geladeira.

Bom, agora estou enterrada num livro chamado "As vidas dos artistas", o qual recomendo fortemente para os entusiastas da arte contemporânea. O autor é Calvin Tomkins, que faz uma coletânea dos textos que publicou por mais de uma década na revista The New Yorker falando sobre o perfil dos principais nomes da arte mundial: Damien Hirst, Cindy Sherman, Julien Shnabel, Richard Serra, James Turrel, Matthew Barney, Maurizio Cattelan, Jasper Johns, Jeff Koons, John Currin.

Sim, é um livro de bastidores, da motivação por trás das obras, onde a gente faz uma viagem até a vida pessoal de cada artista e começa a compreender as escolhas não só as estéticas, mas as particulares de cada um deles. Damien Hirst por exemplo, não foi o grande exemplo de um artista prodígio entre os YBAs (Youg British Artists), mas tinha um talento incrível para promover a sua obra e captar recursos, além de um olho afiado para identificar novos talentos. Começou do zero sendo recusado em algumas escolas de arte - quando, sem conseguir ficar parado, foi fazer um curso de anatomia no necrotério -, inventou uma, duas, três, quatro, tantas outras mostras reunindo o pessoalzinho do Goldsmiths' College e alguns de fora como a ótima Rachel Whitered.


Damien e sua obra mais conhecida, The Physical Impossibility of Death
in the Mind of Someone Living

Damien Hirst

1991

Damien fez os amigos certos, todo mundo achava que ele deveria investir na carreira de curador. Mas não. Ele insistiu e conseguiu com um dos trabalhs artísticos mais polêmicos de todos os tempos se colocar no mundo da arte. E depois de conseguir o que queria se refugiou com a mulher e os filhos na praia onde mora até hoje.

Some Comfort Gained from the Acceptance
of the Inherent Lies in Everything
Damien Hirst
1996

Away from the Flock
Damien Hirst
1994


Implicante, sarcástico e, de novo, polêmico - pois não haveria palavra mais certa para definir Hirst - esse grande realizador da arte contemporânea conseguiu exatamente o que queria e mostrou que "limite", assim como "arte" é uma palavra bastante relativa.

"Arte, amor e Deus - palavras idiotas, das quais provavelmente a mais idiota seja arte. Não sei o que é arte, mas acredito nela até agora." (Damien Hirst)

Sketchbook o livro,

Ai que delícia.

Fiquei sabendo através do blog do Renato Alarcão que acaba de ser editada pela Pop (além de editora é uma livraria e galeria bacaníssima de Sampa, ali no Pinheiros) uma publicação que compila uma coleção de 26 cadernos de artistas visuais brasileiros. São os conhecidos sketchbooks, que delatam os processos criativos de mentes iluminadas como Guto Lacaz, Renato Alarcão, Angeli, Lourenço Mutarelli, Rafael Grampá, Titi Freak, Alex Hornest.

Quem escreve a introdução da edição é o Charles Watson, que esteve por aqui tantas vezes ministrando seus workshops sobre processo criativo.

Já era ora mesmo de alguém se mexer para dar uma pesquisada nas gavetas desses criadores, me parece que deu samba. Garantirei o meu em breve.



quinta-feira, 1 de julho de 2010

vinde a mim as referências


Simplicissimus, para quem não conhece, foi uma publicação semanal alemã cuja primeira edição veio ao mundo em 1896. Uma revista de ilustrações bem humorada e de uma qualidade criadora invejável.
Capas da Simplicissimus são exemplos do que encontrei vasculhando o site Baubauhaus.com, a delícia desta semana que encontrei e já fiz questão de repassar por aí. O site traz referências ad infinitum, pode rolar a barrinha aí à direita durante a tarde inteira, ela não vai parar mais. O que eu entendi é que esse é um site colaborativo e a cada minuto seguem entrando novas imagens, desde fotos autorais até ilustrações, projetos, capas de discos, CDs e outras maravilhas que nos inspiram e fazem pensar "porque eu não não pensei nisso"..

Entre e delicie-se. Use e abuse, abuse e use (C&A).




segunda-feira, 21 de junho de 2010

apaguem as luzes.

Porque cada um concebe a sua luz como entende que ela deve brilhar.

A Lenara me apresentou esse coletivo que, se der tudo certo, vou conhecer em novembro na Espanha. Se chama Luzinterruptus e fez aterrissar em um parque verdinho de Madri um verdadeiro exército de OVNIS filhos de pais terráqueos consumidores de objetos plásticos.
Foram 260 pratinhos e 130 copinhos plásticos iluminados por leds e cravados em terra firme.

Eu fiquei pirando no resultado visual disso e sem dúvida deu vontade de testar. Bravo!


domingo, 30 de maio de 2010

Os micro-problemas

Se tem uma coisa que traz tranquilidade na vida é ter tempo para lidar com as coisas pequenas, mas essenciais. Andei pensando que, no ritmo que as coisas andam, não tenho tido tempo para lidar com as chaticezinhas do dia-a-dia, coisas que não são essenciais, mas que se a gente coleciona, podem trazer grandes dores de cabeça. Chamei isso de "micro-problemas". Os meus micro-problemas são de toda a natureza. Desde coisas banais como "não tem nada na geladeira", até "preciso fazer a unha", "tenho que mandar lavar o carro", "esqueci de pagar a Renner", "preciso renovar meu passaporte", ou outros tantos desse gênero.

Agora, pensem, como seria bom se a gente só apertasse play e seguisse vivendo, sem ter que parar tudo porque tem que resolver, ajustar, aprimorar. Se a gente não tivesse que fazer revisão no dentista, vez que outra algum procedimento mais escabroso. Se a gente não precisasse ficar visitando o seu Zaffari toda a semana, ou todo o mês porque faltou sabonete e pasta de dente.

Eu adoraria que meus micro-problemas se transformassem em micro-soluções. Mas geralmente todo o processo de resolver os micro-problemas parece se tornar muito maior que eles. Para uma simples autenticação de assinatura num cartório, meia hora de espera na fila do tabelionato.

O que não pode é fingir que não estão ali. Os micro-problemas crescem, se multiplicam, é tipo mofo mesmo. Mofo no pão, sabe. Quando a gente se dá conta, tá tudo tomado. Então, é trabalhar na satisfação de ter pelo menos uma semana de micro-problemas resolvidos. E não deixar acumular.