Um Blog de percepções, de afetos e algumas bobagens cotidianas.


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

andando

aos poucos o caminho se abre
ela sente que o vento bate e faz voar o seu cabelo enquanto suas sardinhas se desorganizam com a luz do sol.
ela não gosta do sol quando está forte, mas de manhã ele é realmente uma delícia, ele é um carinho morninho na base do seu nariz.
ela percebe que se não fosse a poluição as árvores poderiam estar bem mais verdes, mas que as que ela vê da janela do seu quarto são realmente bem mais verdes do que as que a gente vê no centro da cidade.
ela sente que a água nunca foi tão molhada e que o frio nunca foi tão gelado e que o amor que ela sente pelas coisas que ela tem nunca foi tão profundo.
ela sente que nada disso seria assim tão pleno se ela não tivesse percebido.
se ela não tivesse parado, olhado em sua volta. olhado para os lados e depois para frente.
olhado para os lados e depois para frente e depois para o céu.

olhado enfim para dentro dela e percebido que.
tudo é realmente extremamente complexo.
mas nem por isso deixa de ser completamente simples.

sábado, 19 de setembro de 2009

FAZENDO TEATRO mais uma criação da MARIA CULTURA


Esse ano a gente se envolveu com um monte de projetos infantis, o que eu ADORO! Claro que isso só colabora pra ativar o meu super instinto maternal... Mas essa produção infantil ainda vai ter que dar uma esperada. Não tem jeito.

FAZENDO TEATRO é um projeto lindo criado pelo Theatro São Pedro, um verdadeiro circuito de atrações infantis que além dos espetáculos nacionais e locais, traz também oficinas de teatro (com direito a montagem final no palco do TSP) e palestras descontraídas com grandes nomes como Ziraldo.
Fazia bastante tempo que o TSP não encabeçava um projeto totalmente voltado para crianças e com imenso prazer estamos participando desse momento.

A campanha foi criada pela MARIA CULTURA, redação do Ricardo Kroeff, ilustração e D.A. Achilles Kruger Filho e Cauan Rolim Ferreira.
O VT foi produzido pela TGD, dirigido pelo Rafa Ferretti, com áudio da Gogó Produtora.
Os spots, que são demaaaais, foram produzidos pela Gogó também.

Os ingressos já estão à venda na bilheteria do teatro.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Meu avô é um contador de histórias

Gosto de sentar junto dele para atentar ao verbos que lhe saem da boca. Sinto como se as borboletas voassem da sua inventiva mente e percorressem seu caminho até tocarem o ar, batendo suas asinhas sobre os meus cabelos e deixando que algo dele caia sobre mim.

Não sei se o dom de escrever é algo que vem no "bolo genético", ou algo que tratamos de imitar. Desde pequena, meus escritos sempre foram uma espécie de resultado do meu passado e de tudo que ouvia e observava, de tudo que eu gostava e tomava como exemplo das minhas influências escritoras superiores mais fortes: meu pai e meu avô. Quando entreguei minha dissertação de mestrado, uma das observações feitas pela banca, foi: Camila, a gente percebe que tu escreves com paixão. Engraçado que ao entregar a monografia, a observação, se não foi igual, foi muito parecida.

De fato. Escrevo com paixão, mas escrevo com a mesma paixão que trabalho, com a mesma paixão que vivo e que me relaciono com as pessoas. Uma paixão talvez tanha adquirido ao assistir meu avô falar no telefone com o moço da farmácia, a mesma paixão que ele consegue colocar num cartão de aniversário, ou ainda, a mesma paixão que liberta as borboletas do seu cérebro cada vez que ele me conta um fato ou discursa alto para a família no almoço de domingo.

Eu sei que essa paixão é infinita. A paixão pela vida, que cada um deveria levar juntinho no seu bolso. Por isso eu peço a meu avô:

Vô, preciso que tu recarregue aí dentro dessa tua mente brilhante a produção de borboletas, pois ainda tenho muito pela frente a escrever.



Porto Alegre, 15 de março de 2008 – 80 anos de paixão.