Um Blog de percepções, de afetos e algumas bobagens cotidianas.


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Meu avô é um contador de histórias

Gosto de sentar junto dele para atentar ao verbos que lhe saem da boca. Sinto como se as borboletas voassem da sua inventiva mente e percorressem seu caminho até tocarem o ar, batendo suas asinhas sobre os meus cabelos e deixando que algo dele caia sobre mim.

Não sei se o dom de escrever é algo que vem no "bolo genético", ou algo que tratamos de imitar. Desde pequena, meus escritos sempre foram uma espécie de resultado do meu passado e de tudo que ouvia e observava, de tudo que eu gostava e tomava como exemplo das minhas influências escritoras superiores mais fortes: meu pai e meu avô. Quando entreguei minha dissertação de mestrado, uma das observações feitas pela banca, foi: Camila, a gente percebe que tu escreves com paixão. Engraçado que ao entregar a monografia, a observação, se não foi igual, foi muito parecida.

De fato. Escrevo com paixão, mas escrevo com a mesma paixão que trabalho, com a mesma paixão que vivo e que me relaciono com as pessoas. Uma paixão talvez tanha adquirido ao assistir meu avô falar no telefone com o moço da farmácia, a mesma paixão que ele consegue colocar num cartão de aniversário, ou ainda, a mesma paixão que liberta as borboletas do seu cérebro cada vez que ele me conta um fato ou discursa alto para a família no almoço de domingo.

Eu sei que essa paixão é infinita. A paixão pela vida, que cada um deveria levar juntinho no seu bolso. Por isso eu peço a meu avô:

Vô, preciso que tu recarregue aí dentro dessa tua mente brilhante a produção de borboletas, pois ainda tenho muito pela frente a escrever.



Porto Alegre, 15 de março de 2008 – 80 anos de paixão.

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